Um corte no pé - III



Car@ leitor@, aposto que esperavas por notícias minhas. Escutei vozes desconhecidas – é verídico – e conhecidas também: a Ema, por exemplo. Queriam saber mais. Tal como tu, presumo: com mais ou menos presunção, pensei ser de bom tom continuar-me. Com ou sem ego – sobre isso já sabes.
Antes de começares a ler, assegura-te que estás bem sentad@ e atent@. Mesmo que estejas a ler-me através de um telefone esperto, se eu tive a simpatia de te escrever, tem tu também essa simpatia comigo. Já reparaste que tendemos a reagir de acordo com a atitude do outro e vice-versa? Pois bem, se ainda não te deste conta disso, deixa essa reflexão para depois. Agora estás nesta página virtual. Só aqui! Nada mais existe – apenas este instante. Como tal, verifica que nada nem ninguém te incomoda: nem aquela rapariga gira que está na outra mesa do café – se for o caso. Bom, se valer a pena, podes sempre convidá-la a acompanhar-te nesta leitura. E terão então tema de conversa. Já estás só aqui?
Muito bem. Calculo que uma das questões que te tenha surgido se prenda com a minha vontade de ir ao Chile. Acrescentas ainda – ouço-te o pensamento – este ano? Tens a certeza que estás bem acomodad@? Se for preciso levanta a voz: “Estou a ler! Não quero ser incomodad@”.
É verdade. Antes disso: o pé já sarou! Também é verdade: parece que a minha namorada tinha razão. Só mais um pormenor: em vez da água oxigenada ela usou soro fisiológico - sugestão de uma amiga sua. 
Ir ao Chile é um desejo: se se concretiza ou não são outros tantos. Há pouco tempo apaguei uma série de velas no meu aniversário e no final trinquei duas delas. Ainda é cedo para te revelar a minha idade. Não te posso alagar já de muita informação: neste momento isso não é tão-pouco relevante.
O Chile. América do Sul: desse continente apenas o Brasil. As cariocas são deliciosas: garanto-te. A praia de Copacabana é maravilhosa: o slogan à cidade é merecido e aplica-se a essas areias quentes, cheias de corpos morenos e lindamente sinuosos. Nada como os de muitas europeias que se querem sempre escanzeladas. Nem percebo. Pelo menos para mim, que gosto de agarrar qualquer coisa. Bom, se fores uma leitora, não leves a mal. A verdade é que sempre me fez confusão essa coisa das mulheres pensarem que a sua beleza está na magreza.
Quase um rima, reparaste? Não foi propositado e se calhar nem funciona em termos literários. Se não te importas, deixo como está: quero reforçar a ideia anterior – os meus olhos verdes (dizem que são lindos e luminosos) e as minhas mãos de pianista – só na forma: não sei tocar nenhum instrumento – têm uma certa atracção por corpos em curva, regaços acolhedores e ventres fofos.
Será que no Chile terei oportunidade de alimentar a vista? Vá, só a vista. A minha namorada também me deve estar a ler. Querida, já falámos sobre isto: é certo e sabido que o meu amor por ti não fica nem um milímetro beliscado. Não sou cego! Aprecio a beleza. Assim como a tua! És linda: Sempre!
Ir ao Chile é daqueles destinos que me atrai desde há muito. O México e o Peru também. A Costa Rica é outro paraíso na terra que gostaria de viver e Cuba não me importava de repetir: digo-te até que é dos poucos países que gostaria de voltar.
Estás atordoad@ leitor@. Então é Chile ou quê? Eu esclareço-te leitor@. Estou aqui para isso. Esses e outros países integram o itinerário que vou construindo mentalmente. A viagem começa sempre muito antes de embarcarmos, concordarás comigo leitor@. A partir do momento em que decidiste viajar começas a viagem. A teoria do devaneio é deliciosa para compreender teoricamente esse estado onírico que nos envolve desde o primeiro instante. O devaneio: perguntas-te agora leitor@ se estarei eu nesse estado em relação ao texto que lês. Afinal ainda não avancei muito. Relaxa. Dá uma olhadela em redor. Nada de especial para ver, escutar? Ainda bem, continua-me.
Quero ir ao Chile! E dizes tu: eu também quero muita coisa e olha, estou aqui a ler-te à falta de melhor. Obrigado!
Quero ir ao Chile, mas não apenas. Daí estou receptivo a todos os lugares que as pessoas com quem me cruzar me sugiram. Não digo vivamente, mas de coração. De coração: e logo outra questão ilumina o teu rosto interrogativo. De coração? Claro! É isso que me move. E a ti não, leitor@? Ou és daquel@s que acha que isso é lamechice? Ficas a perder. Saberás isso quando te deixares conduzir por esse ritmo.
O ritmo que me move agora os dedos é o de Justin Timberlake. Agh! Fazes tu! Porquê, perguntar-te-ia se estivesse ao teu lado e pudesse observar o teu olhar. Já o viste a dançar? E danças? Quem dança é mais feliz – diz um amigo muito próximo. Crê de tal modo nisso que está prestes a fazer uma segunda tatuagem com essa frase. Dançar! Na América Latina dança-se muito. Vês, leitor@, não me esqueci da tua curiosidade. Dança, dança, dança!

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